segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Reminescências esquizofrênicas

Certa vez andando pela praia encontrei uma concha que dava para outros mundos. Como eu descobri isso? Bem, ela era pequena demais para ser somente uma concha e seus contornos (que provavelmente passavam despercebidos à olhares desatentos), estes tinham algo que não se pode explicar, como uma sensação de estar em um quarto escuro e avistar ao longe uma luz tênue. Este facho de claridade te chama atenção em meio a escuridão e você fica provocado a seguí-la. Mas nunca sabe o que vai encontrar. Uma aura misteriosa nos envolve. Ao descobrir quem somos, ou a procurar isso (algumas pessoas nem fazem questão), descobrimos que os mistérios nos seduzem e os sussuros nos sugerem uma tímida mudança. O grande vazio da existência é preeenchido de mistérios. Segredos não revelados, asas escondidas de seres alados que somos, ou que deveríamos ser, porque a figura de um ser com asas, ainda que irreal, tranquiliza e nos faz acreditar em algo que talvez não saibamos explicar. Algumas vezes, as coisas não aconteceram no rítmo que esperávamos. Tá bem, na maioria das vezes não acontecem.Mas ali está o quarto vazio e a luz tímida. E o que isso tem a ver com a concha?Bem, pouquíssima coisa a não ser o fato de que tanto o quarto escuro quanto a luz estavam dentro dela. Em cada espiral, entre os mistérios do mar e do vento, sobre os abismos escuros das tempestades nas histórias contadas pela alma daquela concha.Ah, você deve estar se perguntando daonde eu tirei que existe a possibilidade de que as conchas pudessem ter alma.Seres humanos, estes ninguém tem dúvida de que possuam uma.(Tá bem, alguns não acreditam mesmo, mas não vem ao caso senão este será mais um texto esquizofrênico). Os animais até podem possuir. A ideia é tolerável, pois imagine um lugar chamado paraíso bem do jeitinho que idealizaram, mas somente com pessoas.Muito chato, sem gatos para roçarem em tua perna e depois sumirem sem deixar vestígio, cães que ficam ao teu lado nem que for para esperar comida que voce generosamente lhes dará após o almoço.Ao menos é por isso que estão ali pacientemente á espera.(Haverá comida no céu? As almas se alimentam? E a sua leveza? Perderão peso caso não se alimentem ou ganharão uns quilos a mais se comerem sua porção de núvens e eternos manjares além da conta? Alma tem intestino? E quando estiver preso, como fica? Toma-se remédios da farmácia celeste?Ah esquece, é só outra boa dose de esquizofrenia. Olha só, se eu continuar assim, daqui a pouco você abandona a leitura.Não estou acostumado a escrever para que leiam. Normalmente escrevo e escondo dentro de uma caixa que guardo comigo. Mas não é uma caixa comum, ela carrega consigo um segredo. Mas depois falo disso ou nem depois, talvez eu até esqueça mesmo.)Aonde foi mesmo que eu parei?! Ah, digo que a concha tem alma sim, por uma simples ideia que eu tive uns dias atrás. A de que as coisas que amamos tem alma. Umas algo um pouco travesso, outras mais tímidas, outras escancaradas. Os lugarem e as coisas que você amou têm de possuir alma, senão você não amaria. Chamo alma àquele preenchimento que nos faz distinguir aquela árvore das demais porque uma dia nos assentamos à sua sombra, aquele crepúsculo por ter sido assistido  quando não sabíamos o que pensar. E saimos esvaziados e tristes diante da visão.(sim, todo crepúsculo consiste em um evento criado para emudecer nossas ideias diante do fascínio que produz e a tristeza que se segue a este quando termina). Por nos trazer inconscientemente esta noção de finitude que estaremos fadados a perceber em nossas ausências, quando saimos de nós mesmos para modificar o que somos e criar outro ser.Seja lá qual for, mas o que havia antes não dá mais conta. Do que? Da vida, eu acho.Nem sei direito porque temos que nos reformular, deve ser algo importante. É tanta gente falando nisso que talvez haja um fundo de verdade. 

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