terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Entre a vida e a ficção

Tantas coisas passam pela nossa mente quando temos um logo período de espera pela frente. É o álibi perfeito para o devaneio. Escrevo para (des)construir as imagens que vão aparecendo uma após a outra em sentidos esquizofrênicos. Não se trata de por as coisas em ordem, pois a vida não segue uma ordem definitiva. Exceto a certeza de nascer e morrer, que acontecem nessa sequência a menos que você seja Benjamin Button, claro, mas aí é ficção. Não sei direito quando a vida deixa de ser palpável para se tornar ficcional. Alguns fatos e acontecimentos inusitados poderiam render algumas tramas bem excêntricas.Não tenho competência para escrever romances. Prefiro as crônicas, que vão direto ao ponto.Porque então não escrever?Afinal todos temos histórias fabulosas e vivências inesgotáveis. Por que não escrevemos? Por alimentar nossa pequenez diante dos imortais da academia. Que nem sempre foram imortais. Alguns nem desconfiavam que se tornariam.E assim a vida vai se misturando à ficção incessantemente, sem que percebamos. De vez em quando, acontecem umas coisas assim muito estranhas, engraçadas, exdruxulas, sem explicação (não necessariamente nesta ordem).Algo como perder o avião que você comprou passagem quatro meses atrás por que a empresa simplesmente resolveu trocar de terminal sem levar em conta os desavisados que  que não residem na cidade do dito aeroporto. Então, quando você vai pedir restituição do valor do dinheiro daquela promoção miraculosamente inexplicável, ele não pode ser devolvido, por ser ínfimo demais.(Uma ironia das grandes para lembrar que você deve sempre carregar consigo o telefone da mãe Diná para o caso de o avião trocar de terminal e então você saber ao menos com antecedência mínima antes do voo.Então suas férias que começaram maravilhosamente bem (excetuando o roubo da semana passada em que lhe levaram pouco mais de 600 reais, ironicamente o valor da nova passagem aérea que você poderia comprar na alta temporada) começam a mudar de figura. Você está quase desistindo da viagem quando lembra que já comprou a passagem aérea, reservou, quitou, estes sinônimos que resumem apenas quatro meses de expectativa. Você pode esperar mais um pouco, não é? Claro que não! Juntando as forças que lhe restam a solução mais rápida e eficaz parece ser ir até a loja mais próxima e comprar uma corda para laçar a cauda do avião (sem taxas adicionais de voo, deixando pra lá a lei da gravidade e a possibilidade de ser engolido e estraçalhado pelas turbinas da aeronave). Então surge um amigo. Sem corda nas mãos para sugerir que você vá de ônibus. Claro, como não havia pensado nisso. Você pega o primeiro metrô do aeroporto para a rodoviária e compra a passagem. Depois de um tempo, olha para o bilhete. Serão indescritíveis 26 horas em um ônibus da cor que você menos simpatiza,  (algo do tipo, bem amarelo). E não é só isso, haverá uma conexão. Você não sabia que ônibus também fazia conexão, sorri amarelo e entra no transporte. Ironicamete, o motorista deseja uma boa viagem, lembrando das 26 horas até o destino, um dia apenas e duas horas a mais, as ditas duas horas que levaria para ir de avião. A próxima aquisição não será mais uma corda e sim uma barraca, para o caso de você ter que acampar no aeroporto para voltar em duas horas, claro. E se ameaçarem trocar de terminal, seja o primeiro a ir para o outro terminal antes da empresa, para não haver perigo de atraso. As 26 horas então terminaram. E isso é só o relato de uma ficção. Ou não. Pode acontecer com qualquer um. Talvez valha a pena ser narrado.Agora, dêem-me licença que o ônibus acabou de chegar...


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