terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

sobre abismos, amigos e farois


Encontrei o espelho de um sorriso meu há poucas horas de viagem atrás. Nos falávamos pela net há algum tempo e descobri que podemos encontrar na rede fria de relacionamentos algumas pessoas inestimáveis. Que podem vir a se tornar partes de você mesmo.é o caso do Leandro de Porto Alegre. Demorei para encontrara alguém que risse das catástrofes que nos acontecem no cotidiano. Achei que fosse só eu. Afinal, quando se está fadado a cair num poço, poucos são os que não reclamam da vida. Eu uso a experiência para treinar um pouco de rapel. Aprendi a sorrir em meio às dificuldades.(tipo a dificuldade de saber se aqui tem crase ou não), para que meu sorriso seja farol, um sinal luminoso que faça com que me encontrem mesmo em meio ao abismo.Para chamar a atenção de quem estiver perto. Se perguntarem: Caiu aí? Eu respondo que vim só curtir  a vista.Estava quente aí em cima.Aqui é umido e fresquinho.Ora, num dos dias em que cai num poço (e a vida também é uma sucessão de poços intermináveis, tudo depende do modo como você encara as coisas), o Leandro estava por perto. E não só viu  meu sorriso como retribuiu com um riso suave (ora debochado, como só ele sabe fazer, do tipo que não ofende). Minha maior felicidade é encontrar pessoas que certificam minha tese de que é possível confiar nas pessoas e encontrar pessoas muito especiais pelo caminho, que fazem você esquece das mediocridades da vida. Ora, o Leandro não jogou a corda para que eu subisse. Fez algo inusitado. Jogou duas cordas. Amarrou-as bem forte numa pedra enorme que havia por ali e soltou seu corpo no abismo do poço. Do meu lado, com um sorriso no rosto, começou a escalar junto comigo. Escalamos juntos o poço feito crianças. Quando saímos não havia pedra alguma. Percebi que quando sorríamos, dentro do poço, a corda ia ficando mais forte.  não sei aonde ele esteve este tempo todo. Amigos de verdade as vezes aparecem do nada.Aumentou em mim o desejo de um abraço Foi o que deixei com ele antes de partir e um sorriso de dentes escancarados, que ele retribuiu a seu modo. Não sei se o que vi foram resquícios de uma lágrima em seu olhar. Ou se eram os meus olhos que estavam marejados. Só tenho uma certeza. Quando ele estiver no poço, eu terei comigo a corda mais forte. Em meio aos abismos é possível encontrar morangos no meio do caminho e colher os frutos de sorrisos desfeitos em uma luz de farol. E se uma lágrima brotar na face por descuido, haverá a lembrança daquele abraço apertado e sincero de um dia que poderia ter sido ruim até trazer surpresas desfeitas em um riso calmo e suave, agora gravido de saudades...

2 comentários:

  1. Sorrir em meio das dificuldades, belo escrito...parabéns...

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  2. agradeço o elogio guria... acho que os textos mais sublimes são aqueles que brotam do sofrimento da alma humana. ;)

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