sexta-feira, 25 de março de 2011

Sobre a (ins) piração ...

Uma folha cai de um quadro sobre uma página em branco e reclama seu lugar. O muro desfaz-se em signos, o caminho se faz rumor nos calçados do viajante. E o poeta sem saber o que escrever... Um delicado lírio suspira e a brisa ora derruba a caneta ora esconde-se entre os cabelos tal qual criança travessa. A moldura desprende-se do quadro recusando-se a delimitar espaços, cansada de criar prisões e gaiolas. E o poeta distraído não percebe que aí tem motivos de sobra para a mais tenra poesia...Os contornos da sala causam labirínticas sensações e a procura da poesia encerra-se no ato de deixar cair a caneta que jaz repleta de tinta, sangue banhado de imagensque reclamam seu lugar no papel para depois recolherem-se indignadas à moldura que as libertou. O poeta apenas sorri. Já tem a inspiração necessária. Lança- lhes um olhar de ternura. Ele escreveu em sua carne um texto que viverá consigo para não desprender-se dele jamais...

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