segunda-feira, 7 de março de 2011

Quando as portas da gaiola jazem abertas...

Nunca entendi direito as regras da hospitalidade. Nem o modo como algumas pessoas simplesmente se prendem a detalhes insignificantes para as pessoas em geral, mas que para elas tem a maior relevância. Somos expulsos deste mundo particular sem quaquer receio. Nosso reles corpo mortal não se encaixa nos padrões napoleônicos individuais de determinadas pessoas. Quem foi que criou a madita primeira impressão?! E a máxima ingenuidade acontece quando nos prendemos a esta.Por que podemos nos enganar. O pior é que num mundo regido pelo individualismo e centralizado nos egocêntricos valores reducionistas das impressões imediatas não há lugar para a tolerância com o diferente de nossas percepções.Somos reféns do imoral. Porém, as pessoas deveriam se preocupar com a repercussão de seus atos. Criança travessa que sou ás vezes esqueço. Jogo bola na vidraça do egoísmo enclausurado de algumas pessoas.Elas não estão acostumadas com a simplicidade.Regras são um jeito (in)falível de acreditar que a vida pode ser medidas de acordo com algumas pesagens individuais de conduta. Um dia fui visitar um amigo. Há tempos que não nos falávamos. E uma conversa desinteressada ao telefone pode alimentar falsas esperanças sobre o outro. A convivência é uma pedra jogada no teto de vidro das aparências. Enquanto conversávamos na sala do apartamento, um conhecido em comum tocou o interfone. Alguém tinha que descer para abrir a porta do térreo que estava trancada. Eu fui sem relutar, sem perceber que havia quebrado uma das regras particulares do anfitrião. Foi meu erro mais grave. No mundo daquele homem, sendo ele dono do apartamento, somente ele poderia atender a porta. Ficou chateado com um detalhe que para mim parecia tão insignificante. Pessoas com muitas regras são frágeis. Não suportam ficar á beira de um abismo. O desconhecido as assusta. A vida tem que ser previsível, engaiolada, restrita. Não se permitem voos altos, nem mais profundos. Fico triste quando encontro pessoas assim. Prender -se em gaiolas é o jeito mais fácil de desconfiar da porta aberta e recear o desconhecido selvagem que reside em cada um. Algumas pessoas, vivem assim mesmo, preferindo metamorfosear-se de águias em meras galinhas domesticáveis...

2 comentários:

  1. Construímos mundos, e por vezes,imperceptivelmente acorrentamo-nos a conceitos e valores que trazem dor e isolamento. Creio que receber alguém em casa, no corpo ou no coração é uma experiência libertadora. Para tanto é preciso a busca pela compreensão mútua, com alicerce no respeito, principalmente quando o móvel da aproximação é o afeto, numa tentativa de unir seres com experiências e visões de mundo diferentes.

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  2. As pessoas estão acostumadas com conceitos impostos a elas, como os ditados populares ” que a primeira impressão é a que fica”, esquecendo de identificar seus próprios instintos. Isto é um problema secular.

    Quanto às regras, concordo com você, torna os indivíduos frágeis e estagnados, ao que ela impõe. Pois esquecem que tem que conviver com o desconhecido e inevitável comportamento do próximo. Acredito que estas, sejam solitárias, porque é difícil manter alguém por perto, quando se tem muitas regras. Tornam-se pessoas cansativas e previsíveis... Gostei muito do teu texto, bjss...

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