segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

ao chegar o final de ano...

Nós, seres humanos somos mesmo estranhos. Precisamos de símbolos e períodos palpáveis que nos lembrem que poderíamos ter sido melhores. Agrupamos nossas frustrações para somente agradecer ao final do ano em uma ceia que ultimamente não tem servido para mais nada além de ... entregar presentes e simular que seremos melhores. Afinal de contas, é para isso que o final de ano existe. Para que nos tornemos atores momentâneos. Acreditamos que uma data em especial é causadora de todas as mudanças que já deveríamos ter começado antes. Desejamos que os dias sejam melhores e reunimos a família por um dia. Rimos, bebemos e olhamos para o alto imaginando que os fogos nos tornarão especiais no próximo ano e que a loteria estará à nossa espera assim que o ano novo chegar. Amores, sorte, felicidade, satisfações afloram em pedidos (quase) intermináveis numa ladainha que se repete todas as vezes que estouramos a rolha da garrafa que temos em mãos. Este ano queria que fosse diferente. Gostaria de enfeitar minha alma para esta data especial. Gostaria de estar próximo das coisas que amo. Encontrar alguns amigos e a família que construi durante este ano. Poder agradecer a cada mísero caco que constituiu o mosaico de minhas relações e reproduzir luzes e fogos dentro de mim para então festejar como se deve. Quero um pouco do silêncio para estar diante do vazio da existência que tanto apavora. Devem ser por isso os fogos. Senão não nos sentiríamos tão estranhos após a virada do ano. Parece que de nada valeram os pedidos, os festejos, será apenas mais um ano, é apenas mais uma data, dirão os pessimistas. Pode até ser, mas existe a descoberta de cada dia que nasce.E cada amanhecer nos brinda com suas luzes específicas e caleidoscópicas. Que os cacos de vidro que nos constituem possam estar unidos neste final de ano e que ao menos possamos estar próximos de nós, sem esconder-nos em festas que distraem e fazem esquecer que a vida é algo extraordinariamente belo e que merece ser vivida e festejada, muito além de apenas alguns dias e umas poucas luzes insignificantes... 

Um comentário:

  1. Ao término dessa contagem estranha, além do pretexto, a dissimulação de que seremos melhores, menos impulsivos, mais pacientes, atenciosos e dedicados a formação de si mesmo; restarão apenas o embrulho amassado, o copo vazio e a falsa expectativa de quitamos o débito das nossas frustrações.

    Feliz ano novo, de qualquer forma. "Com certeza seremos melhores em breve".

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