domingo, 19 de dezembro de 2010

saudades que brotam entre os oceanos


Ela iria viajar. Dali a poucos instantes seguiria numa viagem rumo ao desconhecido. Nunca havia estado lá,mas era uma chance de fazer sua estrela brilhar mais forte. O problema eram os cacos de luzinhas que piscavam e que teria que deixar. Sai para caminhar um pouco. Levar seus pés para caminhar que é o que fazemos quando rumamos a lugar de incertezas. Suas pegadas soavam discretas e indissolúveis. Seu olhar se perdia no horizonte e alguns sorrisos banais a rodeavam. Devia se sentir importante. Sentia-se podada do que lhe era mais caro. Descrever não sabia, queria ir ao mesmo tempo em que queria poder ficar. Toda viagem é uma separação, metáfora do adeus definitivo. Isso ela havia descoberto ali, da maneira mais triste. Visitou os lugares que costumava contemplar e que faziam parte de si. Dali a pouco tempo, estariam jazido na memória das coisas que amou e que lhe fizeram sentido. Até que do nada vieram uns braços em sua direção. Não podia acreditar que eram aqueles que havia conhecido há pouco e que se faziam tão íntimos, tão sinceros, tão... Não sabia explicar como. Tinha vontade de chorar, mas as lágrimas não queriam obedecer.O sorriso tímido resumiu a sensação de estar ali e não queria estar em nenhum outro lugar. Não queria ir a lugar algum. Queria fugir para o mundo aonde as coisas são cristalizadas no efêmero eternalizando o instante. E não o conseguiu. Teve que partir. A partir daí, aquele abraço sempre a acompanha e o olhar e sorriso do guri lhe fazem companhia. Se estão distantes alguns mares além do oceano, a voz de um encontra o sorriso de outro através do poder que as lembranças possuem. Imortalizado o instante, grávido de sensações, apenas resume um sentimento que não se pode explicar. E torna-se tão intenso quanto as coisas que carregam consigo...

(dedicado á Ana Luísa, estando esta em Portugal, mais próxima que as lembranças continuamente trazem para junto de um instante eternizado em um mísero texto...)

Um comentário:

  1. A gravura é assim mesmo, grandona, que é para encontrar o texto quando estiver só e para iluminar os horizontes vazios repletos de ausências...

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