quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Hoje parei em uma rua repleta de gente. Mas ela estava vazia.Passei por meus lugares favoritos, mas eles não me diziam coisa alguma.Assisti a um de meus pores de sol favoritos (à esta altura nem sei mais se esta palavra leva hífem, não importa agora...).O sol estava lá, exuberante, adormecendo aos poucos. Tive vontade de chorar, mas as lágrimas relutavam em sair. As águas do rio em que encontro inspiração haviam secado. Levaram uma parte de mim para longe. A música não faz mais sentido, sinto-me tão vazio. À mesma melodia que antes eu escutava, agora faltam -lhe acordes, desafinam os tons e fraquejam as notas. O maestro é o mesmo. A música está sendo tocada da mesma forma. Terei mudado eu? Ainda não sei, só sei que quero silenciar. Estou grávido de ausências e a solidão é ainda maior quando não se tem a si mesmo. Algumas das partes mais significativas de mim estão distantes, alguns dos ouvidos mais falantes e lábios silenciosos também. Sobrou apenas o eco dos lugares que já foram. Que já falaram. Sussuraram. Silenciando aos poucos, emudeceram. Hoje percebo que não tive tempo de me despedir direito. Na  verdade, nunca teremos tempo suficiente. A pouco tempo atrás, perguntaram o porquê de eu sorrir com tanta frequência. Não soube responder. Apenas sorri, desinteressado nos motivos. Não me importam os motivos. Já disse o mestre Caeiro, a rosa não tem porquês, floresce porque floresce. Acho que é mais ou menos isso. Ou fica sendo, que é assim que eu lembrei agora. Os textos que eu li de repente ficaram vazios.Livres de sua fluidez, nada restou da catarse que me inspiravam. Repleto de ausências. Um dos momentos em que me senti mais próximo do vazio.  A Tristeza que me envolve. Esperem, está vindo uma lágrima. Agora sim, preciso silenciar por completo. É o que me resta. Aos amigos distantes, não fiquem preocupados, quis homenagear de alguma forma as pessoas que me fizeram ser o que sou hoje. Este ser incompleto. Por ter  deixando partes de mim pelo caminho. Se hoje sou um emaranhado de cacos espalhados mundo afora, é porque decidi que algumas partes de mim mereciam outros que soubessem cuidar delas melhor do que eu. Se digo que estou triste, é por não tê-las comigo. Há pouco tempo, descobri que minhas partes passaram a se confundir com as partes daqueles que cuidavam delas. Isso me deixa um pouco feliz, sabe. Saber que a  saudade confunde os olhares e ouvidos distantes. Hoje á tardinha vou ir ver o crepúsculo. Alguma coisa me diz que, se eu deixar cair de leve uma lágrima de saudade, haverá junto dela o resquício de um sorriso.

Um comentário:

  1. Poxa...lindo hein!!!
    Arrasou!!!
    Pois eh,tem dias na vida da gente que estamos com pessoas e nos sentimos sós.Parece que tudo anda do mesmo jeito!!
    Mas sorria sempre!!!

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