segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

sobre corpos e chamas ardentes

Dois corpos se atraem sem explicação alguma e falam entre si antes que a boca possa proferir qualquer coisa. As impressões já foram suficientes para que, sem falar ou ouvir o som da tua voz, eu me sentisse arrebatado para o mundo das paixões ardentes.Quando você diz meu nome eu enlouqueço. Sedução é mais ou menos isso. Um nome que não sabemos, um calor vindo de dentro. Não confundir com amor. O amor pode vir depois, que isso de sentir-se seduzido nós acalmamos de outra forma. O amor é para depois de ter os corpos saciados.Ou nem isso, já que a sedução é um arder em busca da realização do ego, acho que nem tem muito a ver com passar mais tempo com o objeto de desejo, senão não seria de desejo, seria de realização. E vemos nosso nome nos olhos da outra pessoa. Um nome que ela nem sabe, mas que resume a coreografia de nossos atos ao aproximar os olhares e carícias. Bem, não sei dizer se a carícia neste caso é mesmo carícia já que sugere ações avassaladoras para além do instante.Podemos até confundir com amor, (pode até ser que os deuses do amor nos presenteiem com um após o coito), mas estaremos é voando alto, levitando ao sabor de nossos desejos até que sejam supridos. E ouvimos nosso nome, ainda que a outra pessoa  não profira dizer algum. Eu até poderia dizer o que vai acontecer, mas não sei. Quando os olhares se encontram e os corpos suspiram, resta ao acaso unir ou separar.Aquosamente seduzidos (a água é sim elemento sedutor, quer coisa mais excitante que um corpo molhado?!), vamos nos entregando e sem saber estamos nus. Madeiras em mãos na lareira das subliminaridades, acendemos o fogo e nos atiramos nele sem receio. É você quem acende o fogo. E sou eu quem te enlouqueço.Depois disso apenas suor. Desejos saciados, dormimos abraçados. Pela manhã, você não está mais na cama. Olho para os lados. Percebo que nunca te conheci, que a linguagem de meu corpo apenas me confundiu.Nunca nos conhecemos além de uns poucos olhares. O teu agora está mudo, não diz mais nome algum. Terei me enganado?! Resta apenas o vazio. Isso de sentir-se seduzido e inflamado por paixões deixa uma sensação estranha. A de acordar no outro dia com água silenciosamente escorrendo por cima de nós...


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