domingo, 19 de dezembro de 2010

quero o amor junto das coisas que não existem...





O mais triste de todos os sentimentos é o amor. Não temos a certeza da correspondência (na verdade nem somos avisados por carta nenhuma de que ele virá). Mas ele chega aos poucos e, sem que percebamos estamos ali, envolvidos numa teia sem volta. Amo histórias de amor. O amor nos tempos de cólera, Romeu e Julieta, Abelardo e Heloísa, A insustentável leveza do ser, Diário de uma paixão, Cartas para Julieta, são todas histórias que nos emocionam pelos amores narrados e pelo sofrimento dos amantes. Descobri uma coisa que aumentou minha tristeza. Nós entramos em contato com as estórias de amor por um motivo em especial. Estórias sim , que a estória não quer ser história, catalogada, fria e exposta como fato consumado, morto, esquecido. Quer ser estória mesmo, que é para ressurgir a todo instante em que é contemplada. Para deixar de existir no mundo real e passar a ser no mundo em que as coisas estão envoltas na mais pura e triste beleza. E por que triste beleza?, dirá você. Ora, porque tristemente constatei que eu assisto para vivenciar um grande amor, leio para ser amante com a intensidade daqueles ali retratados, para viver o que viveram (e aqui uma lufada de vento me bate no rosto). Posso não viver algo tão puro e belo e com tamanha intensidade. Posso passar a vida apenas desejando amar e ser amado. Posso estar distante do amor verdadeiro e daí é que vem a minha tristeza. A de saber que os contornos da ficção podem não ser espelhos fiéis da realidade que está representando. Quero fugir para o mundo onde as coisas não existem. Quem sabe encontre um amor de verdade. Quem sabe as cartas encontrem inspiração e as palavras não embotem ao narrar até que haja, não apenas contemplação de amores plenos, mas que o sentimento seja o de reconhecimento de que o vivido foi eterno enquanto durou e de que a lembrança arrebatou as sensações para o mundo das coisas que não existem, para imortalizar os gestos e carícias e aparecer mais forte a todo instante em que for lido assistido e contemplado...

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