sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

sobre músicas e corpos

Existem momentos em que o corpo fala. Quando uma música passa a fazer parte dele, ela preenche os contornos deste até que ele se torne outra coisa. Solto, livre de sua condição banal diária de nos conduzir e representar nossos gestos e comandos, o corpo se solta, cria uma harmonia impensável e segue o ritmo sem comando algum. A música o provoca e ele responde. Para saber se uma coreografia é bem efetuada, é preciso perceber os intervalos, as provocações,as sutilezas emaranhadas. Após a apresentação, somos arrebatados para o mundo das formas e até nos esquecemos por uns instantes que nem sabemos dançar, não importa, o que vale é outra linguagem desconhecida, oculta, misteriosa, que seduz como a música que deixa de fazer parte de um som apenas para fazer parte de nós mesmos. Se você me perguntar o que eu entendo de dança ou coreografia, ficará decepcionado. Nada sei além do que sinto e defendo a música como forma de nos libertar das tensões diárias, para nos transportar à outro mundo, muito além dos muros de nossos cotidianos. Que bom que existem momentos assim, seja uma festa ou uma apresentação artística, temos nossos anseios preenchidos de tal modo que não sabemos explicá-lo. Saimos outros, diferentes, transformados pela poderosa melodia que irá repercutir por algum tempo até ser preenchida por outros caminhos...Boa mesmo é a coreografia sutil, que faz parecer fácil, onde os dançarinos brincam ao encenar seus passes de dança. Bom mesmo é quando saímos com a impressão de que a música foi feita para aquela dança e não o contrário....

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