domingo, 19 de dezembro de 2010

sobre instantes e gotas de orvalho incrustados na aurora de um sorriso




As surpresas nos deixam diferentes após nos trazerem a consciência do inesperado que pulsa e movimenta a vida em nós. Uma vez encontraram algo em comum. Sua paixão por leituras. Amantes das palavras, tornaram-se amantes através do sangue derramado por elas. Nem sabem ao certo quando foi, mas uma mensagem de aniversário simplesmente apareceu na caixa de emails de um, vinda de um lugar desconhecido, acentuado pelas distancias e, de repente, descobriam cacos de si ao longe espalhados, semeados por lugares desconhecidos. Poesias compartilhadas no primeiro olhar.Na primeira impressão, apenas o encontro de dois sorrisos. Depois disso, a mensagem de aniversário desaparecera, deixando apenas o contato de ambos, tão puro, até que... O silêncio pode ser cruel, ficaram um tempo sem se falar. Não havia motivos, as linhas frágeis do amor se tecem de obscuridades. Então um telefone toca. A voz discreta, tímida, se desculpa pela ausência. E o ruído da respiração se revela arrebatador. Uma pequena lágrima brota dos lábios, que chora amores perdidos. Até que um dos amantes aparece na frente do outro. E lhe dá um beijo, e abraça de modo tão intenso que  nada mais  importa. Que os ventos soprem em todas as direções. De vez em quando, acontecem sensações que não sabemos explicar. A música suave toca absoluta e o encontro de duas almas resume apenas o silêncio dos contornos que os une. Nenhuma palavra explicará o que sentem. O sangue tornou-os um só nos verbos da carne e da emoção que os acorda todas as manhãs a lembrar-lhes que estão espelhados numa história delicada repleta de janelas que abrem para outros mundos. Em um destes mundos se refugiarão de todo o resto. E viverão como sempre quiseram. E deixarão de existir, porque a vida sem obstáculos ou adversidades não é vida. Restou-lhes o crepúsculo e a aurora . Os mares que visitam lembraram a pouco numa brisa suave que  podem se (re)encontrar nos pensamentos do outro. Agora ambos vão para a praia. Adormecerão aos poucos com apenas uma lembrança e, no sonho, o olhar de ambos encontrará os vazios do amor preenchidos por um abraço suave e intenso e um beijo beirando a ( i )mortalidade do sentimento que carregam consigo. Sabem que vão acordar e não terão o outro em seus braços, mas de que valem as estrelas se não podemos aspirar seu alcançe. A alma não é pequena e os deuses do amor haverão de lhes fazer companhia quando acordarem, deixando um resquício de riso nos lábios de cada um, gotas de orvalho em seus olhos incrustadas revelarão o instante que se foi e voltarão à suas rotinas até que o telefone toque novamente...


4 comentários:

  1. Amo é quando os leitores se reconhecem no que escrevo. Ler o que foi escrito com o tempo ás pressas é um desrespeito com aqueles que escreveram. Em cada re-leitura uma surpresa.E somos nós que estamos ali, representados. Não me surpreendo de que se vejam no que escrevo. Me vejo ali também como à beira de um regato. Quero a sede de tudo o que existe. E que a poesia do reconhecimento continue em cada palavra que for escrita...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Me desculpe, mas eu preciso reforçar uma ideia: "O Silêncio pode ser cruel". Sim, todos nós sabemos que crueldade não está ligada a movimentação sonora da alma. É que sobre eu me encontrar em um texto, faço isso exatamente ao que ele não diz - ou faz questão de não dizer... Me assisto no(s) momento(s) em que contemplamos apenas o silêncio. Às vezes sem ter ideia de quando o telefone irá tocar novamente.


    Re-postado devido uma pequena correção comrometedora! rsrs*

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